Caixa mantém Cactvs no microcrédito após refazer consulta; participação de Occhi e negativa do Mubadala marcam o processo

Banco refaz consulta e confirma Cactvs. Processo teve MP-TCU, assessor ex-Caixa e polêmicas com fundador. Caixa projeta R$ 6 bi em cinco anos.

Banco refaz consulta e confirma Cactvs. Processo teve MP-TCU, assessor ex-Caixa e polêmicas com fundador. Caixa projeta R$ 6 bi em cinco anos.

A insistência da Caixa em reabrir o credenciamento para o microcrédito resultou em confirmação: a Cactvs ficou com a operação mesmo após o primeiro processo ter sido estancado pela governança. A decisão reacendeu embates técnicos e políticos. O Ministério Público junto ao TCU já havia, no passado, pedido a suspensão do avanço das tratativas. A presença do ex-presidente da Caixa, Gilberto Occhi, como assessor da Cactvs nas conversas, adicionou atratores partidários (Occhi é ligado ao PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira).

No plano reputacional, reportagens citaram acusações contra o fundador, Fernando Passos — inclusive denúncias por fraude de valores mobiliários nos EUA, além de suspeita de documentos adulterados no Banco do Brasil e acusação da CVM por manipulação quando ele dirigia o IRB Brasil. A defesa deve ser considerada e a presunção de inocência, respeitada.

Houve ainda a polêmica Mubadala: fontes internas da Caixa disseram que a Cactvs mencionou o fundo soberano como sócio/fiador para viabilizar o negócio; o Mubadala desmentiu publicamente qualquer relação “com a Cactvs ou com a negociação”.

Na reconsulta, a Caixa manteve parâmetros semelhantes e explicou que esta foi a primeira rodada de um credenciamento contínuo, voltado a empresas com experiência. Outras rodadas — prometeu o banco — virão. No financiamento, entram Fundos Constitucionais: R$ 300 milhões para 2024 e R$ 6 bilhões como meta quinquenal. O desenho se inspira no BNB, que atende microempreendedores e grupos solidários, na informalidade e formalidade.

A relação com o BNB ajuda a entender parte da discussão. Em 2021, a Cactvs (hoje formalmente de Kelvia Carneiro de Linhares Fernandes Passos, esposa de Fernando) foi selecionada para operar uma carteira bilionária de microcrédito. Depois, o contrato foi cancelado pelo BNB, após a CVM concluir processo administrativo contra Passos. Antes, o casal atuou no Banco do Nordeste e construiu influência no segmento.

O novo contrato na Caixa coloca pressão sobre controles internos, comunicação com o mercado e respostas a órgãos de fiscalização. Em paralelo, o banco garante que o programa será expandido para incluir mais operadores ao longo do tempo e massificar a inclusão financeira. Como pano de fundo, segue a dúvida: como equilibrar a urgência social do microcrédito com exigências de governança quando o operador carrega histórico controverso?

Publicar comentário