Operação Spare: Polícia e MP Desmantelam Esquema de Jogo, Combustível Adulterado e Lavagem de Dinheiro em SP
Uma complexa rede de atividades criminosas, que incluía a exploração de jogos de azar, a venda de combustíveis adulterados e um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro por meio de uma instituição de pagamento digital (fintech), foi o alvo principal da Operação Spare. A ação, deflagrada na manhã desta quarta-feira, 25 de setembro de 2025, foi conduzida de forma conjunta pela Polícia Militar e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, visando desmantelar a estrutura dessa organização criminosa.
Operação Spare: Alvos e Modus Operandi
As investigações que culminaram na Operação Spare revelaram um intrincado modus operandi. De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a organização criminosa utilizava máquinas de cartão de crédito e débito, originalmente apreendidas em casas de jogos clandestinos na cidade de Santos, para processar transações financeiras em postos de combustíveis. Essa conexão entre o jogo ilegal e o comércio de combustíveis era uma das chaves para a dissimulação das origens dos recursos.
O inquérito policial, através do cruzamento de dados e informações, demonstrou que os valores obtidos ilegalmente eram sistematicamente desviados para uma instituição de pagamento. Essa fintech era empregada como fachada para a lavagem de dinheiro, conferindo uma aparente legalidade às transações e dificultando o rastreamento da origem ilícita dos fundos. A apuração ainda apontou vínculos da organização criminosa com empresas do setor hoteleiro, postos de combustíveis e instituições de pagamento com contabilidade paralela, de modo a dificultar o rastreamento do dinheiro ilegal.
Ramificações e Conexões com o Crime Organizado
A Operação Spare não é um evento isolado. Ela se configura como um desdobramento direto da Operação Carbono Oculto, realizada em agosto de 2025. A Carbono Oculto já havia desarticulado um esquema similar de atuação em postos de combustível, com fortes indícios da participação de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país. As investigações da Operação Spare aprofundaram os vínculos da organização criminosa, identificando conexões com empresas do setor hoteleiro, além dos já mencionados postos de combustíveis e instituições de pagamento. Para dificultar ainda mais o rastreamento do capital ilegal, essas entidades mantinham uma contabilidade paralela, um artifício comum em esquemas de lavagem de dinheiro que buscam burlar a fiscalização e as autoridades.
Mobilização Integrada de Forças de Segurança e Fiscalização
A envergadura da Operação Spare exigiu uma mobilização significativa de recursos humanos e institucionais. Ao todo, 110 policiais militares do Comando de Choque de São Paulo, juntamente com unidades especializadas da corporação, foram empregados no cumprimento das diversas ordens judiciais, que incluíram mandados de busca e apreensão e prisões.
Além da Polícia Militar e do Ministério Público, a operação contou com a participação estratégica de outros órgãos essenciais para o combate à criminalidade econômica. Agentes da Receita Federal, integrantes da Procuradoria-Geral do Estado e servidores da Secretaria da Fazenda atuaram em conjunto, cada um contribuindo com sua expertise para desvendar as complexidades financeiras e fiscais do esquema criminoso, reforçando a abordagem multidisciplinar no enfrentamento ao crime organizado.
A Infiltração do Crime Organizado em Setores Econômicos
A utilização de empresas aparentemente legítimas, como postos de combustíveis e instituições de pagamento (fintechs), por organizações criminosas para lavar dinheiro e disfarçar a origem ilícita de seus lucros é uma tática conhecida e crescente no Brasil. O Primeiro Comando da Capital (PCC), por exemplo, tem sido alvo de diversas investigações que revelam sua capacidade de infiltrar-se em setores variados da economia, desde o transporte público até o comércio de combustíveis e o setor hoteleiro. Essas operações não apenas combatem o crime, mas também visam proteger a economia formal da concorrência desleal e da corrupção gerada por esses esquemas, que impactam diretamente a arrecadação de impostos e a segurança dos cidadãos.



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