Polícia Federal Deflagra Duas Operações Contra Fraudes Milionárias no INSS em Mato Grosso do Sul
Polícia Federal Combate Fraudes no INSS com Duas Novas Operações
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na última sexta-feira, 5 de setembro de 2025, duas importantes operações em Mato Grosso do Sul, visando coibir esquemas de descontos e empréstimos indevidos que afetam diretamente os benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas. As ações revelam a complexidade e a extensão das fraudes, com um caso notável envolvendo o afastamento de um servidor acusado de facilitar a contratação de mais de R$ 33 milhões em financiamentos consignados.
Operação Desbloqueio: Foco em Empréstimos Consignados Fraudulentos
A primeira investida, denominada Operação Desbloqueio, tem como principal objetivo desarticular um esquema de fraudes relacionadas ao desbloqueio de benefícios previdenciários, essencial para a posterior contratação de empréstimos consignados. As investigações tiveram início em março de 2025 e concentraram-se em um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) lotado em Campo Grande.
De acordo com os apuramentos, o funcionário público em questão teria se valido de sua senha e matrícula funcionais para liberar, de maneira irregular, milhares de benefícios previdenciários. Essa ação criminosa permitiu que terceiros ou o próprio servidor, por meio de laranjas, contratassem uma vasta quantidade de empréstimos consignados, gerando um prejuízo milionário aos cofres públicos e aos segurados.
Durante a execução da operação, quatro policiais federais cumpriram, na capital sul-mato-grossense, um mandado de busca e apreensão. Além disso, foi efetivado um mandado de suspensão do exercício da função pública contra o servidor investigado, ambos expedidos pela Justiça Federal em Campo Grande. O servidor é apontado como responsável pela contratação de mais de R$ 33 milhões em financiamentos consignados, um valor que sublinha a gravidade das fraudes.
Operação Vantagem Indevida: Corrupção no Serviço Público
Paralelamente, a PF lançou a Operação Vantagem Indevida, que mira a prática de oferecimento de benefícios ilícitos a servidores do INSS em troca da realização de atos ilegais. Embora os detalhes específicos sejam mais restritos, a Polícia Federal informou que a ação visa combater a corrupção dentro da instituição.
Nesta operação, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, distribuídos entre a Capital, Campo Grande, e a cidade de Dourados. As diligências buscam coletar provas e identificar os envolvidos no esquema que visa obter vantagens indevidas, comprometendo a integridade do sistema previdenciário.
Cenário Amplo: Fraudes Previdenciárias e a CPMI
As recentes operações da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul ocorrem em um momento de intensa atenção nacional sobre as fraudes previdenciárias. Elas se inserem no contexto do escândalo dos descontos indevidos realizados por associações e sindicatos nos benefícios de aposentados e pensionistas, uma prática que tem gerado grande repercussão.
Essa modalidade de fraude foi inicialmente desvendada pela própria Polícia Federal em abril de 2025, por meio da Operação Sem Desconto. Atualmente, a questão é objeto de investigação aprofundada por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional, que busca esclarecer a extensão dos danos e identificar os responsáveis por essas irregularidades que lesam milhares de beneficiários em todo o país.
Entenda as Fraudes em Benefícios Previdenciários
Os empréstimos consignados são uma modalidade de crédito em que as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento ou do benefício previdenciário do contratante. Apesar de oferecerem taxas de juros geralmente mais baixas, são frequentemente alvo de fraudes, especialmente quando envolvem beneficiários do INSS, que muitas vezes possuem menor familiaridade com processos digitais ou são mais vulneráveis a abordagens enganosas.
O desbloqueio indevido de benefícios para a contratação desses empréstimos, como investigado na Operação Desbloqueio, permite que terceiros, sem o consentimento do titular, realizem operações financeiras fraudulentas. Este tipo de golpe pode comprometer seriamente a renda de aposentados e pensionistas, que dependem desses valores para sua subsistência.
A atuação de servidores públicos que facilitam tais esquemas, recebendo “vantagens indevidas”, agrava a situação, minando a confiança na instituição e dificultando a identificação e reparação dos danos às vítimas.



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