Caso Elo: polícia apura se Fernando Passos usou carta de fiança falsa do BB para habilitar cartões do Cactvs

Inquérito em Barueri investiga documento atribuído ao Banco do Brasil. Elo interrompeu negociações; MP avaliará eventual denúncia.

O inquérito que corre na 2ª Delegacia de Barueri investiga se Fernando Passos e Kelvia Fernandes Passos, ligados ao Cactvs, tentaram usar uma carta de fiança supostamente falsa para viabilizar um acordo com a Elo. Conforme a Polícia Civil, o Banco do Brasil acionou as autoridades após não reconhecer a assinatura lançada no documento e questionar a autorização da suposta signatária para emitir garantia dessa natureza.

O objetivo, segundo os autos, era fechar parceria com a Elo — bandeira de Bradesco, Banco do Brasil e Caixa — para que o Cactvs pudesse operar cartões de crédito e débito. Antes da assinatura, o controle interno da Elo teria detectado a inconsistência e encerrado as negociações. Além do casal, a polícia ouviu uma advogada do Cactvs sob suspeita de participação e deve colher o depoimento de um ex-funcionário da empresa, além de representantes da Elo.

Para a investigação, a suposta “grosseira” falsificação e a facilidade de detecção fortalecem a hipótese de indiciamento de três pessoas. Encerrada a fase policial, cabe ao Ministério Público deliberar pela denúncia ou pedido de diligências adicionais. A defesa de Fernando Passos e Kelvia não havia se posicionado até o fechamento desta versão. A Elo declarou que não comenta o caso, e o Banco do Brasil reforçou que informa autoridades diante de indícios de ilícitos, sem detalhar dados por sigilo.

Quem é Fernando Passos e a trajetória do Cactvs

O Cactvs surgiu após Fernando Passos deixar o IRB Brasil, onde atuou como CFO. Em episódio amplamente noticiado, Passos foi acusado de plantar na imprensa especializada a informação de que a Berkshire Hathaway estudava comprar ações do IRB, o que foi negado pela gestora de Warren Buffett. A suposta estratégia — segundo as reportagens — buscava segurar a queda dos papéis na B3. A repercussão levou a investigações no Brasil e nos EUA; autoridades americanas (como SEC e Departamento de Justiça) ajuizaram processos por fraude, ainda sem data de julgamento.

O Cactvs não nasceu como banco; começou como plataforma (marketplace) e migrou para serviços financeiros, com foco em microcrédito a pequenos negócios por meio de parcerias. O casal Fernando Passos e Kelvia fez carreira no BNB, onde, segundo relatos, manteve influência.

A investigação em curso não resulta, por si só, em culpa formada. Até eventual decisão do Ministério Público e Judiciário, vale a presunção de inocência. O caso seguirá com análises periciais e confronto de depoimentos para avaliar autenticidade, origem e intenção na documentação apresentada à Elo.

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